Os sussurros estremeceram as nossas estruturas e ficamos misteriosamente em êxtase... A minha mão incontrolável estava por cima da sua pele, você deu um tapa e acordei para a realidade...
No período da Páscoa, fomos a Jerusalém. Nós caminhamos quilômetros e quilômetros para chegar ao jardim do Getsêmani, e valeu à pena. As trocas de caricias arrebataram-me a minha alma, o seu beijo cerrou as portas do meu interior: perdi o fôlego, não pude absolutamente falar, perdi os sentidos, aqueceram-me as minhas mãos e o corpo junto ao seu. Derrubei-a na grama, e abraçado-a, rolamos entre as relvas. O toque recíproco produziu um desejo incontrolável, ao mesmo tempo saborosa... Mais tarde, ao anoitecer, fomos à tradicional feira judaica, e timidamente comprei uma pulseira com as nossas iniciais gravadas no coração. Foi o presente mais doce e simples que eu poderia te dar naquele dia.
Os meses foram passando, mas tudo que eu poderia centrar-se era em você. Você era meu mundo, você foi absolutamente tudo. Fluíam composições do meu coração que foram descritas pelas minhas mãos em um papiro, brotavam lindas melodias da minha mente, as notas melódicas eram claras, tudo isso pensando em você. Quando você me abraçava, eu não queria estar em outro lugar, á não ser ao seu lado. Você me chamava de perfeito, e eu lhe dizia que você estava errada. Mas eu amei cada segundo da sua fala ao seu lado. Eu te amei, eu amei você de todo meu coração. Levou tempo para aprender a confiar em outra pessoa novamente, mas você me trouxe de volta à vida, a certeza, o amor. Devo-lhe muito.
Abril chegou, havia um baile em comemoração a festa de Purim. Eu me lembro de cada segundo que passei com você, nos mínimos detalhes, nunca esquecerei. Foi no sábado à noite que algo me aguardava. Eu fui a sua casa, queria lhe convidar, mas descemos para o seu quarto. Você pegou o Torá e leu sobre separação fraterna. Logo após, você me contou do seu pai, sobre a ausência que sofreste por estar sem ele, eu entendi a sua missão de encontrá-lo, perdoá-lo e cuidá-lo com todo carinho e o pior, para sempre. Confesso que chorei por dentro com medo de perdê-la ou de machucá-la. Agarrei-me a você e disse que eu não conseguia imaginar minha vida sem você. Nem passava na minha mente de que aquela noite era nossa última... Se eu soubesse, eu teria segurado com mais força, e não soltado mais. Eu não teria saído se soubesse...
Essa semana que passou foi eterno. Nesta segunda-feira, já fazem 8 meses que pegaste o seu rumo. Não entendo o ocorrido, a semana inteira do fatídico dia de sábado, você disse-me que sentia a minha falta, que me amava, que você mal via a hora de me ver novamente.
Lembro que na sexta-feira, antes do sábado, você espalhou para suas amigas que estava solteira. Eu fiquei desesperado, chamando você, pensando que era um erro ou alguma brincadeira boba da sua parte. Nós éramos tão bons. Tão tão tão bons. Não haveria razão para nos separarmos. Não havia razão para jogar para fora tudo que construímos juntos.
Eu acho que foi um grande erro. Mas você disse: "Eu só quero estar com o meu pai".
É isso aí. Essa é a explicação que eu recebi. Não havia nem mais, nem menos. Você disse-me que eu não tinha nada a ver com isso, e me pergunto: “Como eu não tenho nada a ver com isso se faço parte de ti”. Talvez você quisesse ser a mais simples e direta possível, sem me machucar, sem doer...
Mas doeu. Nós éramos perfeitos. Eu não consigo esquecer você, eu sinto sua falta. Meu coração se parte toda vez que eu penso em você. Eu ainda sonho com você, e as vezes, desperto da cama com a esperança de virar o meu rosto e te ver ao meu lado. Eu ainda te amo.
Por que você queria me destruir... Confesso que tomarei uma atitude, não serei destruído novamente e por isso decidi ir ao seu encontro, morar com você e seu pai. Cuidar de você, nem que custe todo o tempo da minha vida, nem que desobedeça todo os mandamentos, eu quero estar ao seu lado de eternidade a eternidade, pois não tem nada de melhor que um dia após o outro.
Está é a minha Confissão...
Salomão (Filho de David)
(Uma História de Ficção)
http://www.pecadorconfesso.com/2010/11/um-dia-apos-o-outro-confissoes-de_26.html