Temos a mania de achar que amor é algo que se
busca.
Buscamos o amor nos bares, na internet, nas paradas de
ônibus.
Como num jogo de esconde-esconde, procuramos
pelo amor
que está oculto dentro das boates,
nas salas de aula, nas platéias dos teatros.
Ele certamente está por ali, você quase pode sentir seu
cheiro,
precisa apenas descobri-lo e agarrá-lo
o mais rápido possível, pois só o amor constrói,
só o amor salva, só o amor traz
felicidade.
Há quem acredite que o amor é medicamento.
Pelo contrário. Se você está deprimido, histérico ou ansioso
demais,
o amor não se aproxima, e caso o faça,
vai frustrar sua expectativa, porque o amor quer ser recebido
com saúde e leveza, ele não
suporta a idéia
de ser ingerido de quatro em
quatro horas,
como um antibiótico para combater
as bactérias da solidão
e da falta de auto-estima. Você
já ouviu muitas vezes alguém dizer:
"Quando eu menos
esperava,
quando eu havia desistido de
procurar, o amor apareceu.
" Claro, o amor não é bobo, quer
ser bem tratado,
por isso escolhe as pessoas que,
antes de tudo,
tratam bem de si
mesmas.
O amor , ao contrário do
que se pensa,
não tem de vir antes de
tudo.
Antes de estabilizar a carreira
profissional,
antes de fazer amigos, de viajar
pelo mundo, de curtir a vida.
Ele não é uma garantia de
que,
a partir de seu surgimento, tudo
o mais dará certo.
Queremos o amor
como pré-requisito para o
sucesso nos outros setores,
quando, na verdade,
o amor espera primeiro
você
ser feliz para só então surgir,
sem máscara e sem fantasia.
É esta a
condição.
É pegar ou
largar.
Para quem acha que isso é
chantagem,
arrisco-me a sair em defesa
do amor :
ser feliz é uma exigência
razoável,
e não é tarefa tão
complicada.
Felizes são aqueles que aprendem
a administrar seus conflitos,
que aceitam suas oscilações de
humor,
que dão o melhor de
si
e não se autoflagelam por causa
dos erros que cometem.
Felicidade é serenidade.
Não tem nada a ver com piscinas,
carros e muito menos com príncipes encantados.
O amor é o prêmio para
quem relaxa.
Martha Medeiros