Algumas vezes, tomamos decisões erradas – geralmente sem considerar quem somos – e acabamos caindo em um buraco do qual parece que jamais sairemos. Nos tornamos infelizes. Uma decisão errada leva até outra, que leva para outra e uma fileira de dominós acaba caindo sem parar. Vamos dormir e nos perguntamos: o que é que fiz da minha vida?
Há pessoas que, neste processo, se transformam em tubos: acordam, escovam os dentes, fazem o desjejum, trabalham, almoçam, trabalham voltam para casa, jantam, dormem e, em alguns pontos do dia, vão ao banheiro. No dia seguinte, repetem exatamente a mesma coisa. E no outro. E no outro. E no outro. Sem que haja uma luz no fim do túnel. São tubos, pelos quais passa comida.
Após uma palestra, um espectador veio dizer que se sentia um zumbi, alguém que passa os dias apenas reagindo aos acontecimentos e pessoas, sem escolher nada do que acontecia: “Escolhi minha profissão porque tinha que agradar meu pai, me casei com alguém que mal conhecia porque estava sozinho, nesse momento, trabalho no que não gosto porque tenho que pagar as contas”. E completou: “Pisquei os olhos e já passaram 30 anos, igual ao personagem do filme ‘Click’”. Tenho vários sonhos que ainda poderia realizar, mas será que eu devo?”.
Na maioria das vezes, quando alguém pergunta isso, é porque já sabe a resposta. Há momentos nos quais os dias parecem se repetir, na vida de todos nós, e tudo parece igual. Mas isso pode ser um bom sinal. Afinal, quando estamos na estrada, indo de uma cidade para outra, há momentos em que o ponto da estrada no qual estamos é exatamente igual o ponto que passamos quinze quilômetros antes. Isso não é um problema, já que sabemos para onde vamos. Sabemos que a estrada é o caminho para a outra cidade. A viagem pode até ser desconfortável, cansativa, longa e monótona – mas sabemos aonde queremos chegar.
Por isso, se o ponto da vida no qual estamos agora é um caminho para nos levar aonde desejamos chegar, não se preocupe com essa aparente repetição do nada. É apenas uma percepção parcial da realidade, mas dentro de algum tempo você chegará onde deseja. Continue avançando e se prenda à realidade dos resultados, mesmo que apenas em sua mente, pois eles chegarão. Neste caso, a repetição, o hábito e a aparente monotonia são apenas a estrada que levará você até a cidade desejada. Continue firme. Cada metro que você avança será um metro a menos até seu sonho.
Por outro lado, se o ponto da vida no qual você está foi causado por uma decisão claramente equivocada, e os dias estão se repetindo como um castigo, aparentemente, sem razão, é hora de mudar. É o momento de balançar a árvore da sua vida, para ver o que cai, como fazíamos quando crianças e queríamos apanhar frutas. Comece mudando por dentro, imediatamente. Mude o que você escolhe ver, ler, ouvir, as pessoas com as quais escolhe estar, aquilo que você diz e o que você aprende.
Talvez não seja fácil. Sua mãe, pai, cônjuge, filhos, amigos e colegas podem reagir tentando bloquear suas mudanças, geralmente, com a melhor das intenções. Mas a mão não alcança aquilo que o coração não almeja, portanto, é melhor escutar seu coração para a tomada de decisões. Sempre unindo a razão e a ação contínua, claro, porque pensar apenas com o coração não é a chave. A chave é usar a razão, a emoção e a ação em tudo o que você deseja. E estes três lados devem estar alinhados, com o mesmo objetivo.
Se você estiver indo para a direção desejada, com a pessoa desejada, agindo todos os dias, a repetição não será um problema – será apenas um ponto da estrada que levará você do lugar onde está agora para a vida que deseja viver. Pense em um tempo no qual as coisas tinham tudo para serem perfeitas. Tente voltar a este tempo, como um motorista volta para a estrada certa, após ter escolhido o caminho errado. E volte para o caminho certo. Sua vida merece isso.
Texto de Aldo Novak, coach, conferencista e diretor da Academia Novak do Brasil.